Primeira Guerra Macedónica (215 a 205 a.C.)
Filipe V seguira atentamente o curso da guerra. Após a batalha do Trasimeno, em Setembro de 217 acorda a paz com os etólios em Naupactos, tratando de ter as mãos livres, e de imediato inicia operações militares na Ilíria.
No início do Verão de 216 a frota macedónia entra no Mar Jónico, navegando para norte, quase até Apolónia. Informado da aproximação dos romanos (que só tinham dez naves de linha), Filipe amedronta-se e volta à Macedónia.
No Verão de 215 chegam ao campo de Aníbal embaixadores de Filipe. É celebrado um tratado preliminar. Políbio (fragmento do livro VII): «Deste modo juram o comandante Aníbal, Magão, Mircão, Barmocar, todos os membros do conselho de anciãos cartaginês que se encontram junto dele e todos os cartagineses que participam da sua expedição, ao ateniense Xenófanes, filho de Cleómaco, enviado do rei Filipe, filho de Demétrio, por conta dos macedónios e dos seus aliados: ante Zeus, Hera e Apolo; ante os génios cartagineses, Hércules e Iolau; ante Ares, Tritão e Poseidon; ante os deuses reunidos do Sol, da Lua e da Terra; ante os rios, os golfos e as águas; ante todos os deuses que dominam sobre Cartago; ante todos os deuses que dominam sobre a Macedónia e o resto da Hélade; ante todas as divindades da guerra que presenciam este juramento...» A Macedónia comprometia-se a fazer guerra a Roma em aliança com Cartago, reconhecendo os cartagineses os direitos de Filipe sobre as costas ilírias, Corcira, Apolónia, Epidamno e outras cidades. Os aliados estavam obrigados a prestarem-se ajuda mútua com o envio de contingentes armados aonde deles houvesse necessidade. Terminada que fosse a guerra, a aliança assumiria um carácter defensivo contra eventuais ataques da parte de Roma. Filipe contaria com a ajuda da frota cartaginesa e Aníbal com a ajuda dos macedónios na Itália.
Mas a ratificação do tratado pelo rei da Macedónia e pelo senado cartaginês sofreu uma série de atrasos. Quando regressavam do acampamento de Aníbal, os embaixadores macedónios foram aprisionados pelos romanos, o que obrigou Filipe a enviar nova embaixada. Perderam-se assim 6 meses.
Havendo tido conhecimento do tratado Roma toma medidas preventivas, designando o pretor Marco Valério Levino para vigiar as águas do Adriático com uma esquadra e um exército.
Assim, quando no Verão de 214 Filipe surge de novo no Adriático e tenta cercar Apolónia, os romanos puderam enviar reforços à cidade. O acampamento macedónio foi tomado e saqueado, com a frota romana a cortar a retirada por mar a Filipe, obrigando-o a queimar os seus navios e a regressar por terra.
Os romanos estabelecem-se solidamente sobre a costa ilíria.
Filipe, não podendo contar com a ajuda da frota púnica, então ocupada nas operações na Sicília, permanecerá algum tempo inactivo.
Já em 213 os macedónios levarão a cabo bem sucedidas operações em terra, conseguindo reduzir os romanos a uma estreita faixa costeira.
Intervém então a diplomacia romana. Em 212 Levino estabelece contactos secretos com a Liga Etólica, concluindo com ela rapidamente um tratado. Os etólios actuariam por terra contra Filipe e os romanos no mar, com não menos de vinte e cinco embarcações de linha. Com a guerra os etólios ganhariam vantagens territoriais; os romanos, todo o despojo. Os romanos comprometiam-se ainda a ajudar os etólios na conquista da Acarnânia (região do Epiro). Ambas as partes se obrigavam a não fazer a paz por separado com Filipe.
A coligação antimacedónica depressa se estendeu à Élida, Esparta, Messénia e até a Átalo I, rei de Pérgamo. Entretanto o norte da Macedónia era atacado pelos ilírios e os dárdanos (habitantes de região do centro da península balcânica, a sul da Mésia).
Filipe defende-se e devasta impiedosamente os territórios gregos, em particular as regiões marítimas.
Em 208 as esquadras reunidas de Roma e Pérgamo encontraram-se frente à cartaginesa, vinda em auxílio de Filipe. Mas Átalo é obrigado a voltar a Pérgamo, ameaçado pela invasão de Prúsias, rei da Bitínia, e a frota cartaginesa comportou-se passivamente, não travando batalha.
Em 207, com Asdrúbal a entrar em Itália, sendo Roma obrigada a mobilizar todas as suas forças, Filipe aproveita e passa à ofensiva, cruzando a fronteira da Etólia e forçando a Liga a concluir uma paz por separado com a Macedónia. Aliás, já desde há algum tempo, vários países neutrais, o Egipto, Rodes (Rhodos) e outros vinham mediando negociações nesse sentido.
Roma viu-se de novo sozinha contra Filipe. Mas agora a situação era bem distinta, sendo quase certo que Aníbal iria perder a guerra. E o único objectivo dos romanos na sua política grega era o de impedir o auxílio aos púnicos.
A paz foi concluída em 205. Os romanos conservaram as suas possessões ilírias mais importantes. Mas as cidades gregas tiveram de ceder parte dos seus territórios no continente a Filipe.
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